Os leitores do DitoBendito talvez não entendam o conto de hoje. Resolvi exercitar minha criatividade contando história. Portanto, como nas novelas, onde tudo parece muito real, qualquer semelhança terá sido mera coincidência.
Era uma vez um candidato ao Reino da Serra que vivia num lindo Palácio, cercado de verde, há muitos e muitos anos, com a esposa, filhos e seus empregados. E, quase todos os dias, recebia um grupo de babões que o visitava, sobretudo, a noite.
Durante anos esse turma, pela natureza da função, não percebia quando estava sendo inconveniente e nem a hora de retirar, mas , havia um primo dourado, que sempre dizia: Vamos, vamos todos, pois é tarde e o futuro Rei, precisa descansar. Segundo contava um outro primo, chamado Mário Fofoca.
A esposa, antes mesmo do rei chegar ao trono, já era uma mulher para além das convenções sociais. Nascida numa província do Reino do Gavião, de origem humilde, construiu amigas por todo Reino da Serra.
Adepta de uma boa taça de vinho nas noites frias, ou uma cerveja gelada no calor, era vista no Reino brindando e se divertindo entre a plebe, tal Rose no porão do Titanic.
Mas, chegou o momento que o eterno candidato assumiu, finalmente, o Reino. Com a retomada do trono oligárquico, o grupo de babões foi crescendo, crescendo, parecendo até do tamanho daquele que ocupa, todas as manhãs, o "chiqueirinho" no Palácio do Planalto para ouvir e saudar o Asno que relincha.
Mas, enquanto o gado mantem o seu papel de claque, eis que surge no Reino, uma cobra, que fora indicada para cuidar da saúde de todo Reino, visto que uma doença grave ameaçava nobres e pobres. Mas, ao invés de fazer somente a sua tarefa, a cobra acreditava que tinha o direito de cuidar também da vida privada da rainha.
Invejosa e despeitada, a serpente começa a destilar a sua peçonha no Palácio e resolve envenenar o casamento do Rei; Majestade, majestade não sei se devo dizer, porém como "fiel" escudeiro que sou, não posso calar. A rainha, Majestade, foi vista em meio ao povo, divertindo-se com amigas. E isso, Alteza, asseguro-lhe, não condiz com o comportamento de uma rainha.
O rei ouve aquilo e, emprenhado pelos ouvidos, passa a mão na testa, não raciocina e nem percebe que ali estava uma intriga. Intempestivamente, como costuma agir em seus momentos de burrice, resolve chamar a rainha imediatamente de volta ao Palácio, enquanto a cobra, festiva com o efeito da intriga, sai sorridente lambendo o próprio veneno.
A rainha, ao estilo Carlota Joaquina, contrariada no seu lazer, e ao chegar no Palácio "desceu das tamancas" e perguntou ao rei e aos criados: Me digam, agora, qual foi o último animal a cruzar a cancela do Palácio?
A criada, assustada com a ira da rainha, respondeu: Alteza, acho foi uma cobra. Sim, sim foi a cobra de veado, Alteza.
A rainha irada, ordenou através do arauto I phone, que a serpente voltasse lá, de imediato. E, ainda tal qual Carlota Joaquina, colocou a cobra de veado numa posição humilhante, diante o rei silencioso.
A venenosa, que embora tenha o seu poder sufocante, como o vírus assassino do momento, enfiou o "rabo entre as pernas" e saiu farejando com a língua, como faria para voltar a circular no Palácio e às boas com a rainha.
Passados três dias, lá se vem a bichona, rastejante, tentar enlaçar a Rainha. Enroscada, como um emoji de "cocô" da era digital, dá o bote: Bom dia, Alteza! Aqui estou para me desculpar e lhe trouxe de presente este livro, da escritora Margaret Atwood, chamado O conto da Aia.
A Rainha, que não conhecia o livro, entendeu que a cobra estava tratando-a com uma intimidade que não permitia, e, ainda, "P da vida" fez com que a bicha peçonhenta rastejasse à saída do Castelo com seu livro pendurado na língua.
Felizmente, no Reino, a rainha mostrou que é uma leoa, e o rei, que pareceu mais o bobo da corte, por ouvir conselhos de uma cobra de veado, se recolheu aos aposentos, enquanto as amigas plebes gritavam: Viva a rainha, viva a rainha!!!
Moral da história: Seja o rei, não deixe que uma cobra de veado lhe faça de bobo, e nem interrompa uma mulher quando ela bebe com amigas. As rainhas não usam mais coroas nem espartilhos, vestem shorts e tomam todas, quer gosto o rei, quer não goste.
E viva a rainha do Reino da Serra Devastada.
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