quarta-feira, 31 de março de 2021

HOJE A PAUTA SOU EU E UM POUCO SOBRE MIM. 30 DE MARÇO DE 2021


CHEGO...

...aos 59  anos, hoje. Nasci numa madrugada de 30 de março 1962,  de parto normal e em casa, dois anos antes do Golpe Militar. Parte da minha vida,  aliás a melhor  parte, vivi em Portalegre.

DIRIA...

...que sou, e todo portalegrense é, mistura de negro, índio e português,  trazendo de cada um desses povos um pouquinho.  

    Minha origem  está no Belo Monte, sou  tucana da gema. Filha de mãe costureira e pai analfabeto,  mas ambos com mestrado e doutorado em   bom caráter.

APRENDI...

...a ler muito cedo, antes dos cinco anos, os livros me atraiam, embora não houvesse muitos. D. Maria Augusta, a quem carinhosamente chamava de Gusta, adorava me ouvir  lendo.  As cartas que chegavam das filhas ela me trazia para  que eu lesse para ela.  

CRESCI...

... dividida entra a serra e o sertão,  entre o grupo escolar e a escola "particular" (o que hoje se chama de aula de reforço), entre bonecas e brincadeira de rua.  Lembro da minha primeira  professora, Uguineuma Cruz, em 1968. A segunda; Aldenora Pereira e depois veio Carminha de  Abel.

NÃO...

...fui aceita no 29 de março, pois a idade era menor que a exigida para entrar no ginásio.  E, por isso, fiz o quinto ano primário  duas vezes. 

    Repeti a  sétima série, fui reprovada de propósito, pois  foi a saída que encontrei para forçar a minha mãe a me  tirar do Colégio das Freiras e me matricular no Diocesano, em 76.

 MINHA VIDA...

...escolar em Portalegre foi até 1972,  guardo  na memória algumas colegas de classe,  e a arquitetura do Margarida  ainda está na minha mente como um desenho atual em 3D.

TÉO de AGÁ...

...  com a sua sineta, anunciando a entrada, recreio e saída do grupo,  é personagem inesquecível.  A sopa de d. Albertina   e as mangas ( do grupo)  são sabores que a mente mantém no paladar.

NUNCA...

...fui  da primeira  fila,  mas sempre tive as melhores notas, exceto em matemática.  Não recuava   e nem calava numa boa disputa na escola.  Mazinho de Antônio Genésio conseguia me irritar, na escola, eu tinha vontade de esganá-lo.

O QUE...

...mais me assustava no Margarida de Freitas, era D. Filomena Sampaio, a diretora, com a sua rigidez. Além dela, o retrato horrendo de Emílio Garrastazu Médici, presidente ditador,  na parede.  Interessante como, aos dez anos, já sabia que  nunca estaríamos do mesmo lado.

A...

...minha necessidade de liberdade nasceu comigo, o  jornalismo também. Adorava quando tinha  exercício de "composição", era assim que se chamava a redação na minha  época, escrita numa folha de papel pautado, exclusiva para os testes.

CREIO...

... que fui uma das poucas meninas  que a família tinha carro, mas gostava mesmo era de caminhar para o sítio com o meu avô  materno, que na verdade  foi o pai que tive. Plantava mandioca, no Santo Antônio e Encruzilhada,  junto com ele e minha amiga Vila.

ERA...

...a única menina que não tinha um pai, na cidade, isso doía muito, e todos me perguntavam se eu lembrava do meu pai, aquilo era cruel, para mim, porque eu não lembrava.  Fiquei órfã aos três anos. 

     Em tempos de sociedade patriarcal minha mãe dizia; Aprenda a se defender, pois você não tem pai para fazer isso.  O meu irmão mais velho era (é) paralítico cerebral, eu era a irmã do "doidinho" da cidade.  

PERSONALIDADE

 Ariana com ascendência em aries, eu  resolvia minhas broncas sozinha. Briguei com  muitos meninos  que se metiam a valentões, no Grupo. Quebrei a minha régua  amarela com  tabuada impressa,  no rosto de um deles.  Lamentei muito pela régua  que perdi.

DETESTAVA...

...ir comprar linhas de costura nas  mercearias da cidade,  sobretudo em uma delas,  onde o dono tentava nos  assediar.  O odiei até o dia que morreu.  Agora passou, pois nenhum ódio pode ir além da morte.

NÃO...

...tinha pai, mas tinha duas mães; uma que educava a outra que fazia todas as vontades.  Nunca entendi porque tínhamos tanta comida em casa  e  na Rua Nova as pessoas eram tão pobres.  A "casa" de Angelina me  partia o coração. E  ela nas suas crises  de transtorno mental  sangrava-me a alma, pois ninguém a  entendia ou estendia-lhe a mão.

SEMPRE...

...fui desobediente à regras, com as quais não concordava. Defendia pontos de vistas e  nunca ouvi um Não, da minha mãe, sem questionar.  

NÃO...

...conheço o sítio Pelo Sinal, até hoje,  por trauma. Uma vez fui parar lá, escondida atrás do banco traseiro do jeep da paróquia.  Padre Mário saiu para uma benção, comigo dentro do carro, sem saber, visto que eu tinha me escondido nele. 

   Não sei  se tinha mais medo de ser descoberta pelo Padre  ou de ficar tarde e eu não chegar em casa. Numa  brincadeira de esconde, esconde, fiquei   horas dentro desse bendito Jeep, ainda lembro da visão da pitombeira da casa de Antônio Urra, onde o padre estacionou. 

NUNCA...

...mentia, mesmo sabendo que  ganharia alguns bolos de palmatória.  Comi "resina de cajueiro", e aprendi a fumar  com talos secos de melão  caetano.  Era muito magra  e Germano, meu irmão,  me chamava "gata seca".

TINHA...

...inveja dos cabelos  de Bel Turíbio, das pernas grossas de Nini Diógenes e fui apaixonada por Pantico. Gastava todas as minhas "pratas"   indo, com Daureni Barbosa,  comprar chicletes "ploc" no "quarto" de Manoel de Paulo, só para vê Pantico.  Nunca mais soube dele.

COM...

...Francisca Marinho fiz coisas horríveis, incentivada por ela, claro! tipo:  acabar um baile jogando pimenta malagueta no salão.   Sem contar que,  em troca de usar a saia longa dela, ela me desafiou a  "tomar" Juarez Alexandre da namorada. Ganhei uma intrigada até hoje.  Na verdade,  eu era boazinha, o problema eram as companhias.

DETESTO...

...cozinha,  apesar de tantas brincadeiras de cozinhar com Rozimeire, Maedna, Lena, as primas, além de Vila de Bernardo.

ENTREI...

...em circo por debaixo da lona, mas não sozinha; com  Arimateia Junior (Mestrinho) e Juraci Junior. E ainda lembro do "drama final"  e do palhaço Cambitinho.

CORRI...

...atrás de vagalumes e peguei muito besouro dourado pelo campo ( hoje cohab). Amava os pirulitos feitos por Bubu, o feijão com sebo de boi da casa de Beinha e  as pitombas da casa de   d. Cleonice Nobre.

 1980...

...foi meu último ano morando com a minha mãe. Passei no primeiro vestibular, em  1981, e ali começava a minha real descoberta do mundo e das desigualdades sociais.

CENSURA

    A Universidade e, particularmente, o jornalismo me mostrou  o que significava uma ditadura,  a falta de liberdade e o uso dos meios de comunicação de massa como instrumento  de manipulação politica.

E...

...foi assim  que tudo começou e me tornou a pessoa que hoje sou. 


 




 


5 comentários:

Ricardo Millano disse...

Parabéns Beta.
SAÚDE e PAZ sempre.

MTiciano Sousa disse...

Muito legal, Bernadete!
Passou um filme na minha cabeça, ao ler sua postagem.
Estudei com Germano parte do ensino fundamental, fui aluno de dona Aldenora e fiz o quinto ano também. Por isso, minha irmã Marta me alcançou, kkkk.
Eu era tão pequeno e magro que uma professora do ginásio 9 de dezembro perguntou se eu estava Muito legal, Bernadete!
Passou um filme na minha cabeça, ao ler sua postagem.
Estudei com Germano parte do ensino fundamental, fui aluno de dona Aldenora e fiz o quinto ano também. Por isso, minha irmã Marta me alcançou, kkkk.
Eu era tão pequeno e magro que uma professora do ginásio 9 de Dezembro perguntou se eu estava acompanhando alguém, no primeiro dia de aula,.

MTiciano Sousa disse...

Muito legal, Bernadete!
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Estudei com Germano parte do ensino fundamental, fui aluno de dona Aldenora e fiz o quinto ano também. Por isso, minha irmã Marta me alcançou, kkkk.
Eu era tão pequeno e magro que uma professora do ginásio 9 de Dezembro perguntou se eu estava acompanhando alguém, no primeiro dia de aula.

MTiciano Sousa disse...

Muito legal, Bernadete!
Passou um filme na minha cabeça, ao ler sua postagem.
Estudei com seu irmão Germano parte do ensino fundamental, fui aluno de dona Aldenora e fiz o quinto ano também. Por isso, minha irmã Marta me alcançou, kkkk.
Eu era tão pequeno e magro que uma professora do ginásio 9 de Dezembro perguntou se eu estava acompanhando alguém, no primeiro dia de aula.

MTiciano Sousa disse...

Muito legal, Bernadete!
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Estudei com Germano parte do ensino fundamental, fui aluno de dona Aldenora e fiz o quinto ano também. Por isso, minha irmã Marta me alcançou, kkkk.
Eu era tão pequeno e magro que uma professora do ginásio 9 de dezembro perguntou se eu estava Muito legal, Bernadete!
Passou um filme na minha cabeça, ao ler sua postagem.
Estudei com Germano parte do ensino fundamental, fui aluno de dona Aldenora e fiz o quinto ano também. Por isso, minha irmã Marta me alcançou, kkkk.
Eu era tão pequeno e magro que uma professora do ginásio 9 de Dezembro perguntou se eu estava acompanhando alguém, no primeiro dia de aula,.